segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

QUEIJO GORGONZOLA D.O.P


Talvez o queijo mais famoso da Itália e um dos queijos mais famosos no mundo, o queijo Gorgonzola tem o mesmo nome do vilarejo onde nasceu localizada perto de Milão, na região de Lombardia, Itália.
O queijo Gorgonzola é muito antigo, tão antigo que não existem registros históricos que comprovem quando exatamente nasceu o queijo Gorgonzola. Há muitas historias relacionada a este “nascimento” porem todas de natureza hipotética e lendária.


Algumas pessoas afirmam que o queijo Gorgonzola nasceu na localidade de mesmo nome no ano de 879 e por outro lado, outras pessoas dizem que nasceu na localidade de Pasturo em Valsassina, conhecida pelos seus queijos ha muito séculos e devido à presença de covas naturais cuja temperatura media constante se mantém entre os 6ºc e os 12ºc e isso permite a perfeita maturação do gorgonzola e muitos outros queijos.
O primeiro nome do gorgonzola foi “Stracchino de Gorgonzola” e melhor definido mais tarde pelo seu sinônimo “Stracchino verde”. Do italiano “stracca” quer dizer cansado, o que se entende que o queijo Gorgonzola era produzido com leite obtido no outono, quando as vacas já muito cansadas da transumância voltavam aos seus estábulos para abrigar-se do duro inverno alpino. Isso fazia o queijo Gorgonzola ser diferente dos demais.


A promoção do queijo Gorgonzola sempre foi lenta se comparada com outros queijos, porem constante. As zonas de elaboração foram aumentando e a Lombarda agora se soma o Piamonte, tanto a zona de Pavese como a de Novarese se unem a Milão e a Comasco na produção do gorgonzola.
De esta maneira os decretos de 1955 e de 1977 delimitam as zonas de produção e maturação de este queijo com a criação da denominação de origem protegida.


O queijo Gorgonzola é feito com leite cru em pequenas queijarias e pasteurizado em grandes indústrias. Obviamente o de pequenas queijarias é impossível encontrar no Brasil, ou melhor, só se encontra na Itália. No Brasil temos a mania de chamar qualquer queijo azul de gorgonzola ou roquefort, porem, o queijo gorgonzola só se fabrica dentro dos limites territoriais marcados pela denominação de origem protegida do queijo Gorgonzola. Os queijos fabricados fora de estes limites territoriais são qualquer outro queijo menos gorgonzola.


Hoje existem umas 40 leiterias familiares e grandes indústrias, como disse, alguns queijeiros ainda respeitam a receita original que demoram 2 dias para finalizar o processo de coalhado. Desde o principio do século XX a maioria dos produtores e principalmente a grande indústria destinada a produzir em grande escala, produz o queijo com o processo de coalhado de 1 dia. O mofo azul do queijo gorgonzola neste caso é adicionado ao leite industrialmente o que confere ao queijo de 1 dia umas veias azuis mais compactas e uniformes, porem, sinceramente, são dois queijo distintos.


O queijo Gorgonzola se produz em grandes formas, de 6 a 13 quilos e ao maturar as laterais se sobressaem. As bordas devem apresentar uma cor acinzentada, porem nunca marrom, isso indicará que o queijo está seco e mal maturado.
Comercializa-se o queijo Gorgonzola como “Dolce” e “Piccante”. A versão dolce é mais cremosa e suave, aqui as veias azuis do penicillium não tiveram tempo suficiente de maturação para se desenvolver e isso faz este queijo ser menos agressivo e ser chamado “Doce”, é a versão de queijo gorgonzola fresco e que tem no mínimo 50 dias de maturação. O Gorgonzola Picante tem mais tempo de maturação mínimo 80 dias e é mais seco e como diz o nome mais picante, esta sensação de picante da o fungo penicilium que é industrialmente introduzido ou naturalmente obtido através do método tradicional. Nos dois casos as veias azuis são irregulares e aporta o gosto picante aos dois diferentes queijos.


O queijo gorgozola casa muito bem com diversos produtos e as duas variedades permitem jogar mais com diferentes alimentos. Molho de queijo gorgonzola para o macarrão é fantástico. Um pedaço de queijo dolce com pão de nozes é fantástico. É comum encontrar queijarias que vendem queijo gorgonzola com queijo mascarpone, é uma mistura muito interessante. Vinho doce, Moscato d’Asti, Porto, Pedro Ximenez....sao todos bons amigos. Importantissimo, antes de consumir o queijo gorgonzola deve-se deixar o queijo fora da geladeira pelo menos meia hora, assim conseguiremos uma textura e sabor perfeitos.


As fotos postadas são do gorgonzola dolce de perolari, é sem duvida o melhor gorgonzola que provei.
Os queijos gorgonzolas vêm de fabrica com a marca do produtor na casca superior do queijo, são queijos grandes de 6 a 13 quilos, produzido com leite de vaca. A textura deve ser cremosa se é a versão Dolce e seca para a versão piccante.
A produção de hoje é feita sob o respaldo e fiscalização do consorzio de gorgonzola D.O.P o que garante a origem e manipulação do queijo antes de ser vendido, seguindo assim normas estritas de produção e manipulação tanto como de origem do leite para a produção.
Espero que algum dia o Brasil possa produzir um queijo azul sem nome estrangeiro.

Bom apetite

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

QUEIJO GOUDA BOERENKAAS


O verdadeiro queijo Gouda hoje em dia é produzido em todo território Holandês. O queijo é produzido nos países baixos desde a Pré Historia, mas foram os romanos que introduziram o queijo maturado, dos quais nasceram os queijos Gouda e Edam.
Desde a idade média os queijos holandeses eram vendidos dentro e fora das suas fronteiras e isso se deve a grande virtude que possuem os holandeses como negociantes e navegadores, virtudes que permitiram também que os seus produtos fossem internacionalmente conhecidos e prestigiados. No Brasil conhecemos o queijo “tipo” Gouda, que pouco tem que ver com o verdadeiro Gouda, porem temos que reconhecer que o prestigio do queijo Gouda é grande, inclusive me atreveria a dizer que é um dos queijos mais famosos no mundo. Confesso minha admiração por este queijo (o original holandês) é dos meus favoritos. Tal prestigio não foi alcançado pela copia feita no Brasil, obvio, por isso é fundamental e se possível, experimentar o original e sacar cada um as suas próprias conclusões. Também temos que considerar que com a companhia das Índias de Holanda, no século XVII, foram introduzidos novos condimentos ao consumo cotidiano na culinária holandesa, o queijo não foi diferente. Cominho, Cravo, pimenta e outros.



O queijo Gouda é extremamente importante para a cultura holandesa e também foi para a sua economia. Existem mercados inteiros que giram em torno ao queijo Gouda, quem tiver a oportunidade de ver ao vivo o espetáculo do Kaas markt de Alkmaar, perto de Amsterdã não se arrependerá certeza. http://www.kaasmarkt.nl/welcome.asp?lang=4 neste site pode-se ver vídeos do kaas markt, vale a pena ver, também há vídeos sobre este curioso mercado em Youtube. http://www.youtube.com/watch?v=PEnMCoEBU-Y o melhor produtor (que eu conheça) de Boerenkaas Gouda é o http://www.wijngaardkaas.nl/es fantastico. Goudas de até 3 anos de maturação.
O queijo Gouda é um queijo de pasta lavada, ou seja, se escorre uma parte do soro e se substitui por água quente, se remove bastante e voltamos a escorrer um pouco mais de soro, agora já mais diluído e se substitui por mais água. A água elimina a lactose (os açucares do leite) da coalhada. Quando a coalhada esta quente a coalhada se escalda e isso expulsa a umidade que sobra e normalmente não sairia. O resultado deste processo é a diminuição da acidez da coalhada a níveis abaixo do normal e isso porque reduz a atividade das bactérias lácteas.



O queijo Gouda é um queijo de consistência firme e flexível quando fresco e amarelado, quase laranja, e quebradiço quando maturado. Este queijo quando maturado (o meu preferido) pode apresentar pequenos grãos de tiroxina, que é a solidificação do sal empregado para o salgado do queijo, são pedacinhos crocantes e salgados. Apresenta poucas e pequenas olhaduras. Pode ter uma maturação de 4 semanas à 3 anos e peso de 200 gramas à 20kg. É feito com leite de vaca, pode ser leite pasteurizado se for industrial ou leite cru no caso do queijo de granja, chamado “boerenkaas”.
Aos poucos meses de maturação o gouda é de textura elástica e tem um sabor frutado e doce. Com o tempo vai ficando mais duro e intensificando o sabor, até que aos 18 meses, já apresenta cor amarelada intensa e no interior as pequenas olhaduras aparecem rodeadas de tiroxina. O sabor do queijo envelhecido apresenta um caráter complexo, desde o gosto a fruta até o ponto de amendoim e cacau. A sensação na boca é suntuosa e suave. O sabor do Boerenkaas Gouda pode varias de uma granja a outra.



Os países Baixos produzem 730 milhões de quilos de queijo dos quais 500 milhões se exportam. Mais ou menos 60% da produção de queijos Holandeses são Gouda.
O queijo Gouda fresco pode ser usado para fazer sanduiches, canapés e aperitivos. O queijo maturado pode ser usado e principalmente em tabuas de queijo. Pode ser usado também em receitas quentes, como arroz (risoto), massas e inclusive em bolos e doces. Acompanha maravilhosamente bem com cerveja holandesa, vinhos espumantes ou vinhos tintos robustos. Eu particularmente combinaria com uma taça de vinho manzanilla espanhol.
Bom apetite.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

DESCANSO

ESTOU FAZENDO O CAMIÑO DE SANTIAGO, DEPOIS DO DIA 10 DE DEZEMBRO VOLTO A POSTAR NOVOS TEMAS. CONTO COM A COMPREENSÃO DE TODOS.
OBRIGADO A TODOS

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

QUEIJO CABÉCOU/ROCAMADOUR

O queijo de Cabécou/Rocamadour é junto com o foie-gras e derivados do pato, o principal produto gastronômico da região do departamento de Lot, localizado no sul da França. Não se sabe ao certo a origem exata deste queijo, porem existem registros históricos do século XV demonstrando que este queijo foi usado para impostos e como moeda de troca.




Tradicionalmente denominado Cabécou este queijo foi rebatizado em 1996 em homenagem a sua aldeia de origem, Rocamadour. Amparado pela A.O.C (appellation d’origine contrôlée) desde 1996 e elaborado com leite cru de cabras Alpina e Saanen, são queijos muito pequenos e com um peso aproximadamente de 35gr. Em Langue d’Oc, antigo idioma do sul da França, Cabécou quer dizer “cabra pequena”.
Este queijo de granja e artesanal matura rapidamente e a maturação mínima é de 6 dias e máxima de 4 semanas. A casca é fina e com o fungo Geotrichum Candidum, a pasta é suave e cremosa com aroma que lembram a leite fresco e fungo.


A A.O.C cabécou/Rocamadour classifica o queijo de acordo com o tipo de produtor e são denominados “fermier”, ou, de granja e “artísanal”, que são os produtores artesanais e permitem uma produção maior. O processo de elaboração consiste em sete etapas. A primeira é o cuidado com o rebanho de cabra, alimentação, higiene do animal e instalações e obtenção do leite respeitando todas as exigências do conselho controlador e regulador da A.O.C Rocamadour. O segundo passo é o tratamento do leite, que deve ser usado logo após a ordenha e sem pasteurizar se o produtor tiver etiqueta “fermier” ou refrigerado se o produtor tiver etiqueta “artísanal” e que deve utilizar leite obtido na região delimitada pela A.O.C. O terceiro passo é a maturação do leite, que lhe adicionam coalho e fermento lático para o processo de coalhado, após este processo a coalhada é colocada em panos para dessorar durante 24/48 horas. O quinto passo consiste em salgar a pasta já dessorada misturando tudo, como se fosse uma massa de pizza. O Sexto passo é o moldado do queijo e por ultimo o affinage ou maturação do queijo, que dura no mínimo 6 dias em caves da propriedade produtora.




Tive o prazer de visitar a região este ano e visitei uma linda granja queijaria que adaptou as suas instalações a legislação européia, permitindo assim uma visita em solitário que não precisa de guias nem vestimenta especial para ver toda a propriedade. Ao outro lado da pequena estrada que cruza as duas propriedades da queijaria, esta a loja, um local cheio de delicias da região, vinho, mel, geléias, queijos, nozes, licores, foie-gras e derivados cárneos.


A região esta preparada para receber turistas do mundo inteiro e realmente é uma muito boa opção para fugir um pouco do roteiro tradicional. Localizada a 382 km de Barcelona e 452 km de Paris, é uma região muito bonita e por ali, passa o caminho de Santiago. Local de culto para muitos, conta com uma linda igreja construída no alto da montanha com vistas para todas as montanhas que rodeiam o vilarejo.
O Queijo de Rocamadour tem inúmeras aplicações gastronômicas, pode ser usada para fazer um recheio de pasta fresca ou tortas, empanado e frito, na salada ou com pão torrado e geléia de figo. Vinho branco de Vouvray seco ou Jurançon seco.
Bom apetite

sábado, 25 de setembro de 2010

TORTA DEL CASAR D.O.P

Ja escrevi sobre este delicioso queijo num post anterior. Comprei semana passada uma torta del casar na Vila Viniteca de Barcelona e na verdade estava impressionante e merecia um post novo. Tem coisa melhor?
O queijo do video nao foi esquentado no forno nem microondas, simplesmente deixei o queijo 3 dias fora da geladeira, num lugar não muito quente da cozinha. Ficou assim e estava deliciosa, praticamente liquida.

Bom apetite.

sábado, 4 de setembro de 2010

TIPOS DIFERENTES DE QUEIJOS MINAS

Queijo minas artesanal, queijo minas frescal e queijo minas padrão, são as denominações que recebem estes diferentes queijos e que adotaram o nome da tradicional região produtora de leite e derivados. Mas para não se confundir na hora de compara o queijo desejado temos que entender-las. O conceito mais básico das três denominações é;

Queijo Minas Frescal, queijo fresco, de pouca maturação.

Queijo minas padrão, queijo elaborado seguindo receita tradicional do queijo de minas, porem, de outras procedências, de produção industrial e/ou leite pasteurizado. Normalmente este se apresenta como meia-cura.

Queijo Minas Artesanal, o original, produzido artesanalmente em fazendas mineiras e elaborado com leite cru, não é permitido o comercio fora do Estado de Minas Gerais.

• Queijo Minas Frescal. Este queijo é o mais encontrado nos mercados de todo o Brasil. Como diz o nome, é um queijo fresco, ou seja, de poucos dias de maturação. O queijo Minas frescal é um queijo de coagulação enzimática e o tipo de coalho usado é o de origem animal exceto em alguns casos que devem ser especificados na embalagem. A sua origem é indefinida já que cada país produz o seu queijo tipo “frescal”. A procedência deste queijo no Brasil é indefinida também, podendo ser elaborado em qualquer parte do país já que no caso deste queijo não se busca identificar uma região a um produto, apesar de ser um produto típico o queijo frescal é simplesmente um produto. No Brasil deve ser elaborado com leite pasteurizado (o que não quer dizer que seja mais saudável) e normalmente de vaca, é apto para fazer dieta e fiel amigo dos cafés da manhã, o queijo minas frescal é um queijo de elaboração econômica já que não necessita muitos litros para fazer um queijo e possui uma umidade muito alta e pode ser elaborado com sal, pouco sal e sem sal, este último pode ser acompanhado com mel ou geléia de frutas de sobremesa ou com a típica goiabada, fazendo o perfeito Romeu e Julieta.

• Queijo Minas “Padrão”, este queijo é produzido à cópia do queijo minas original, a diferença é que se pode produzir industrialmente (em grande escala) e deve ser elaborado com leite pasteurizado, além de poder ser elaborado em qualquer parte do país. O nome deste produto é fruto do aproveitamento comercial de uma marca existente e sem proteção, aproveitando assim a fama nacional do queijo minas artesanal para promover e aumentar as vendas do industrial.

• Queijo Minas Artesanal, elaborado artesanalmente nas fazendas de Minas Gerais. Araxá, Serra da Canastra, Serra do Salitre (também conhecida como Alto Paranaíba ou Cerrado), Serro, Sul de Minas e Campo das Vertentes são as seis micro regiões demarcadas produtoras de queijo minas artesanal e, portanto um queijo que vem diretamente relacionado a uma determinada região, produzido seguindo padrões históricos de elaboração, deve ser feito com leite cru e o leite deve ser obtido na própria fazenda produtora de queijo. A produção é artesanal e as quantidades podem variar de 6 a 50 peças diárias e normalmente elaboradas sem o auxilio de maquinas. A maturação mínima deve ser de 15 a 20 dias, porem é normal encontrar queijos de menos de 7 dias. O queijo Minas Artesanal tem uma historia de mais de 300 anos e provavelmente foi o primeiro queijo elaborado no Brasil. Produto estrela do Brasil colonial e consumido em grandes quantidades na cidade imperial do Rio de Janeiro. No dia 15/05/2008 o IPHAN órgão vinculado ao Ministério da Cultura reconheceu o queijo minas artesanal como patrimônio histórico imaterial do Brasil esta medida protege, registra e reconhece a produção tradicional deste queijo, mas nem tudo são glorias, apesar de ser um patrimônio nacional, este queijo não pode (por lei) sair do Estado de Minas Gerais e isso desvaloriza o produto no mercado e dificulta a melhora da qualidade de vida do produtor e do produto, além de favorecer as produções e venda de produtos irregulares e sem fiscalização.
Infelizmente, muitas vezes os produtores se vêem obrigados a vender o seu sustento, o queijo por um preço inferior ao custo de produção. O queijo Minas Artesanal é produzido em diferentes tamanhos. O mais comum é o de 1kg, também o Canastrinha ou também chamado merendeiro de 0,5kg, canastra real de 6kg e também podem se encontrar peças com diferentes formatos e tamanhos.
É importante saber que este queijo elaborado artesanalmente é o autentico queijo minas. Além disso, é um queijo saudável, rico em nutrientes essenciais para o nosso organismo. Comprando este queijo estamos comprando um pouco da nossa historia e fortalecendo uma cultura que pede mais reconhecimento e proteção.

E não se esqueça, antes de comprar este queijo verifique se é um queijo regularizado pelo IMA, só o queijo que foi inspecionado pelo IMA pode ser completamente seguro.

Bom apetite

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

QUEIJO MINAS ARTESANAL


No mês de Junho tive o prazer de viajar a Minas Gerais, foram vinte dias de intensas buscas e aprendizagem. Surpreendeu-me gratamente esta visita em diversos aspectos. A hospitalidade mineira foi uma de estas gratas surpresas, que onde eu passava era bem acolhido por todos, rodeado de uma natureza exuberante com animais silvestres, plantas e rios, cada fazenda que visitava me serviam uma taça de café e abriam um queijo novo para conversar e relaxar um pouco. A Serra da Canastra é um dos lugares mais bonitos que vi. Imponente, exuberante, verde, com o Lobo-Guará, Tucanos, Tamanduá-Bandeira, seriemas e muitos outros animais que completam este lugar com cachoeiras e a nascente do rio São Francisco, quem nunca foi deve ir e conhecer as maravilhas da serra da canastra. Outra surpresa foi a péssima infra-estrutura das estradas em Minas Gerais, mas infelizmente esta não é uma boa surpresa e atrasou muito as minhas viagens dentro de Minas Gerais, pareceu que Minas Gerais fosse um Estado pobre e sem recursos financeiros, com certeza, isso atrapalha a logística de qualquer produto que saia de estas terras, imagino em que condições deva viajar o café e a cana de açúcar, uma viagem do cerrado mineiro ao porto de santos deve demorar pelo menos um dia e isso é muito tempo. A infra-estrutura viária Minas Gerais têm que melhorar muito se pretende acompanhar o crescimento econômico da região.



Mas a grande e boa surpresa que tive chegou rápido, quando visitei a primeira fazenda produtora de queijo minas artesanal, nunca antes havia visitado umas instalações queijeiras no Brasil, na Europa tive o prazer de visitar muitas, porem no Brasil estas eram as primeiras e para a minha surpresa e muito grata surpresa, eram mais limpas e organizadas que as européias. A primeira fazenda visitada foi a fazenda do Seu Zé Mario em São Roque de Minas. Esta fazenda conta com 20 hectares e produz 10 queijos ao dia. Isso é artesanal, pensei. De acordo com as normas do IMA-MG as queijarias devem ter o quarto de elaboração do queijo, afastado do estábulo e da sala de ordenha, mantendo assim as moscas bem afastadas. O senhor Zé Mario, como muitos outros, construiu um quarto para fazer queijo nova e sinceramente, esta impecável, não me estranharia que viessem europeus a sua fazenda para estudar como se faz. Outra coisa importante que vi (ou não vi) é a ausência de maquinas, o queijo minas artesanal é feito totalmente manual, de todas as fazendas que vi somente uma tinha uma pequena maquina para quebrar a coalhada. ISSO SIM É ARTESANAL. Na fazenda do Seu Zé Mario existe uma integração com a natureza que raramente se encontra aqui se produz tudo o que se consome o único que não se pode produzir e que tem que ir até o mercado a comprar é o sal, de resto a fazenda produz tudo. Como resultado disso tudo é um queijo minas artesanal de meia cura perfeito, sem rachaduras, nem maus cheiros. Olhaduras regulares, bem prensado e equilibrado em sal. Um queijo minas artesanal campeão.





Saindo de São Roque de Minas o meu seguinte destino foi a cidade de Medeiros. Em Medeiros visitei o produtor local e proprietário da chácara Esperança, Luciano. Aqui na Chácara Esperança há uma evolução do queijo Minas em andamento, ao contrario da maioria dos produtores rurais de queijos minas artesanal, Luciano não vem de família produtora de queijo e é a primeira geração de produtores de queijo. Por não pertencer a nenhuma família produtora não esta vinculado a produção tradicional e o permite estar mais aberto que os demais produtores a fazer um queijo diferente. Luciano teve a oportunidade de ir a Itália e França e recebeu na sua chácara esperança a visitantes produtores de queijo da França e da Itália, este intercambio de informação o fez mais experimentado e deu novas idéias para a produção do seu queijo. A pele do queijo minas recebe um tratamento durante a maturação, é raspado até ficar com a pele lisa e polida, dando um aspecto mais “comercial”. Na Chácara Esperança este tratamento não é feito e isso confere ao queijo um aspecto mais rústico e incrementa no aroma um matiz com lembrança a fungos, mais úmida que os demais queijos minas. Luciano também faz o queijo canastra real e uma nova versão deste queijo batizado por ele de Canastra “baby” que pesa 3kg. O intercambio cultural vivido por Luciano e a sua família foi fundamental para dar este passo de gigante que é a evolução e sinceramente alguém tinha que fazer isso. Obviamente, sem esquecer-se dos que mantém a cultura original como o Seu Zé Mario e muitos outros.


Depois de Medeiros fui para Araxá, terra da famosa personagem nacional Dona Beja, aqui fui recebido como se estivesse em casa e cheguei com apenas um contato, do senhor Alexandre Honorato, e acabei conhecendo a produtores, fiscais, vendedores e acabei sendo convidado a participar do grupo de jurados do concurso do queijo minas artesanal da micro região de Araxá. Foi uma honra e um prazer ter participado deste concurso.


A minha primeira visita foi na fazenda Só Nata do Alexandre Honorato. Este é o maior produtor que visitei e se não me equivoco produzem aqui 30 queijos por dia. Também aqui na fazenda Só Nata foi onde vi por primeira vez uma maquina dentro da sala de fazer queijo, esta maquina consistia em quebrar (ou cortar) a coalhada antes de dessorar-la e moldar o queijo, era uma maquina muito simples e adaptada a sua produção, muito pequena e que com certeza não muda, nem interfere no gosto e textura, sem deixar de ser artesanal. No ano de 2009 o queijo aqui produzido ganhou o concurso Estadual de queijo minas artesanal e possui outros inúmeros prêmios, além de possuir prêmios relacionados à produção de queijo o Sr. Alexandre Honorato também tem prêmios de genética animal. O queijo de Araxá é um pouco mais fresco (menos maturado), tem menos olhaduras (buracos), menos salgado e mais suave que o queijo da Canastra.
Mas em Araxá também visitei o Sitio do Pica Pau, do Sr. Juliano Oliveira. Aqui a produção é bastante menor que na fazenda Só Nata, porem também de excelente qualidade, alias, o queijo meia cura do sitio do pica pau ganhou o primeiro premio do concurso do queijo minas artesanal de Araxá 2010. Aqui a produção é totalmente artesanal, produzida a mão sem a presença de maquinas, um quarto de fazer queijo novo e limpo. Aqui como em quase todas as fazendas o soro eliminado da produção de queijo serve para alimentar aos porcos, pássaros, cachorros, gatos e animais da fazenda. Aqui se faz um queijo um pouco mais parecido aos da canastra, mesmo sendo em Araxá o pingo do sitio do pica pau da estas diferentes características ao seu queijo.


Tenho que destacar também o memorial de Araxá onde fui muito bem atendido pelo Thiago e que me mostrou as peças antigas, que um dia foram utilizadas para a produção de queijo, além de ser um lugar muito especial para entender um pouco melhor a historia da cidade e da zona, aqui em Araxá também esta a casa que viveu Dona Beja. Araxá é uma cidade fantástica. Em Belo Horizonte, relacionado ao mundo dos queijos, vale a pena a visita ao museu de artes e oficio, onde há uma fantástica estrutura montada de uma queijaria antiga da região do Serro, além de ser uma emocionante viagem na historia dos ofícios do Brasil antigo.


Por ultimo, estive na Serra do Salitre. Aqui existe um movimento importante para a melhora do produto e do comercio (correto) dele, realizam experimentos com embalagem, utilizando diferentes tipos de cera e materiais para o embalado, também desfrutam de uma linda região montanhosa que dá umas características únicas ao queijo produzido aqui. Tive somente uma tarde para conhecer esta região, porém fui muito bem acompanhado pelo Sr. João José de Melo, proprietário da fazenda Catulés e segundo produtor do Estado de Minas Gerais registrado no IMA com o programa de melhoria do queijo minas artesanal. Foi muito instrutiva a conversa com o Sr. João José, tive a oportunidade de ver uma região mais abandonada que as demais que havia conhecido, embora os seus produtores rurais e associação lute e trabalhe muito pela melhora do queijo minas artesanal, aqui falta a definição de um nome próprio que ainda esta indefinido, alguns chamam Serra do Salitre, outros Alto Paranaíba e os mais comerciais de Cerrado, porém isso desconstrói a integridade de um nome como a Serra do Salitre que conta com umas características organolépticas únicas. O nome Cerrado é muito amplio e é o segundo maior bioma do Brasil, atrás somente da floresta amazônica e abrange os Estados de Goiás e Tocantins além de Minas Gerais. O único ponto positivo de usar este nome seria o comercial, que neste caso, o queijo levaria consigo o nome internacionalmente consagrado do café do Cerrado, porém este nome não condiz com a realidade, pois os queijos produzidos não apresentam características iguais. O Alto Paranaíba é uma região menor que o Cerrado porem ainda grande demais, sendo um nome muito amplo para uma uniformidade organoléptica. O queijo aqui é muito especial também e mais ainda se partilhado com alguém especial e com vistas à montanha.



Nesta viagem tive a oportunidade de conhecer a Minas Gerais mais a fundo, vi coisas boas relacionadas à produção de queijo, mas também vi muitas coisas ruins que também devem ser comentadas. A dificuldade em conseguir que as queijarias se registrem no IMA é um problema para a qualidade do produto, em uma das visitas que fiz, decidi ir a uma queijaria não registrada e vi o que não queria. Ali e a simples vista era perceptível que a queijaria precisava urgente uma reforma, ou melhor, de uma queijaria nova. Mas o pior ainda estava por vir, dentro da sala de produção havia um gato passeando e comendo o soro que caía das mesas de trabalho, na verdade isso é habitual em queijarias sem o registro no IMA. Em quase todas as queijarias de Minas Gerais existe a tradição de gerações na produção de queijo, porem não todas ou poucas tem o conhecimento da higiene no trabalho e isso muda quando recebem os cursos de formação do IMA e EMATER e percebem que é necessária a higiene na hora de produzir o queijo, além de ensinar este conhecimento o regulamento do IMA obrigado, se necessário, aos produtores reformarem ou fazerem um novo quarto de elaborar e maturar queijo. Com estes dois conhecimentos e somando a tradição existente, os produtores registrados estão fazendo um excelente trabalho e produzindo um queijo extraordinário, um queijo tão peculiar que motiva a visita de especialistas italianos e franceses. Todas estas melhorias não seriam possíveis se não fosse o trabalho conjunto com o IMA de cada região e o EMATER-MG que através do programa de melhoria do queijo minas artesanal tem feito um trabalho de melhora do produto, promoção e divulgação muito bonito e efetivo.


Mas infelizmente, não é por ter a queijaria regularizada que o produtor de queijo terá melhor vida, o trabalho realizado por um melhor queijo não melhora a qualidade de vida do produtor. Em uma visita que fiz, depois de experimentar o seu queijo e tomar um bom cafezinho vi que estava dentro do quarto de maturação uma pessoa que carregava o seu queijo numa caixa e levava a um furgão despreparado para o transporte de um produto delicado como o queijo, este figura os locais chamam de “queijeiro” que é o atravessador, é a pessoa encarregada de distribuir o queijo a outras localidades. Normalmente os queijeiros apertam muito os preços de compra ao produtor local e em minha opinião é o maior problema do queijo minas artesanal. Se são realmente profissionais deveriam estar registrados também no IMA como vendedores e deveriam também melhorar as condições de transporte do queijo, já que ter muito cuidado com a produção e não se preocupar com o transporte e armazenamento pode estragar o queijo. Mas o que eu queria dizer era que os queijeiros têm um papel fundamental nas fazendas produtoras, são eles que compram a maioria dos queijos produzidos e sem eles não existiria queijo minas artesanal nos mercados e isso da ao queijeiro muito poder psicológico e o produtor fica na mão dele, abaratando tanto os preços que o produtor tem que pagar para produzir. O produtor de esta fazenda me disse que vendia o queijo ao queijeiro a 6 reais, vamos fazer um calculo simples. Para cada queijo de um quilo é necessário em media 10 litros, o preço do leite naquele momento era de 0,80 centavos o litro. Se este produtor vende o queijo a 6 reais e o queijo custou 8 reais para ser produzido, isso significa que ele ta perdendo dinheiro e comprometendo o futuro da sua fazenda e da tradição da produção do queijo minas artesanal. Por isso, devemos além de comprar queijo minas artesanal, devemos entender que pagando um pouco mais pelo produto estamos fortalecendo a historia e tradição e protegendo o produtor. Muito importante também é exigir queijo provenientes de fazendas registradas no IMA de Minas Gerais, isso da a certeza de que o queijo é de qualidade.



Infelizmente não consegui visitar todas as micro regiões produtoras, em Minas Gerais existem seis micro regiões produtoras, Serra da Canastra, Serro, Araxá, Serra do Salitre (as vezes chamado erroneamente de Cerrado ou Alto Paranaíba), Sul de Minas e Campo das Vertentes.
Seria impossível realizar a minha viagem a Minas Gerais se não tivesse a ajuda de pessoas muito especiais e agradeço também ao apoio de todas as instituições que me acolheram e me ajudaram com informação e amizade além de ser muito agradecido por ter sido convidado a ser jurado do concurso de Araxá. Obrigado a todos.

Responsaveis técnicos de EMATER-MG (BH e Araxá) e IMA-Araxá

Marinalva Olívia Martins Soares

Juscelina Pereira Onisto

Albany Arcega

Silvia Passos

IMA-MG Araxá

Calimério Antônio Guimarães

Produtores:

Juliano De Oliveira – sitio do Pica Pau - Araxá

Alexandre Honorato – Fazenda Só Nata - Araxá

Seu Zé Mario – Fazenda do Seu Zé Mario – Canastra/Medeiros

João José de Melo – Fazenda Catulés – Serra do Salitre

Luciano Carvalho Machado – Chácara Esperança – Medeiros/Canastra

Associações:

Associação regional do queijo Araxá

Associação dos Produtores de Queijo de Medeiros (Aprocame)

Associação dos Produtores do Queijo Canastra (Aprocan).

Associação de Produtores de Queijo do Cerrado Rio Paranaíba (Apromar),

Cooperativa Agropecuária dos Produtores de Derivados de Leite do Alto Paranaíba (COOALPA)

Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro



Minas Gerais tem muito a oferecer, visite Minas Gerais e visite fazendas produtoras de queijo, proteja, preserve, conviva, converse com os locais e aproveite de tudo o que o queijo minas artesanal pode te oferecer, tenho certeza que vai ser delicioso.
Caso tenham curiosidade em conhecer mais sobre o queijo Minas podem mandar um e-mail para mim que respondo com o maior prazer.

http://www.clubedoqueijo.com.br/ (em construção)
http://www.queijoartesanal.com.br/
http://www.queijominasartesanal.com.br/
http://www.serradacanastra.com.br/sabermais/queijocanastra.html
http://www.serradacanastra.com.br/
http://www.emater.mg.gov.br/
http://www4.emater.mg.gov.br/ciagro/bin/prg/artesanal/prin.php
http://www.mercadocentral.com.br/index.php

Bom Apetite.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

VOLTEI

Depois de mais de um mês de viagens, pesquisa, aprendizado, gastos e prazer, volto para falar de queijo, claro.
Durante os meses de Junho, Julho e Agosto, tive a oportunidade de viajar à regiões famosas por elaborar artesanalmente produtos derivados do leite. Estive nas regiões da Serra da Canastra, Araxá e Serra do Salitre em Minas Gerais e famosos pelos queijos minas artesanal, e também na região francesa da Bretanha, terra quase inglesa, onde a flor de sal e a manteiga fresca são vendidas em qualquer esquina. Sem sair de território Galo, estive no vale do rio Loire, onde se produz a maioria dos queijos de cabra franceses e com A.O.C, os queijos de Saint-Maure, Valençay, Crottin Du Chavignol, Selles-sur-cher, entre outros de menor fama são exemplos disso, e também os vinhos brancos secos, espumantes e doces de uva Chenin Blanc e A.O.C Vouvray. Um pouco mais ao sul da França esta a pequena cidade de montanha onde passa o caminho de Santiago, chamada Rocamadour, região famosa pelo foie-gras e queijo de cabra A.O.C Rocamadour.
Também estive em Londres, uma cidade que eu tinha a visita pendente. Aqui o queijo é unanimidade, uma grande variedade de queijos produzida na Grã-Bretanha e pouco mais por ver.
Nos próximos dias colocarei todas estas experiências em dia aqui no blog.
Até mais.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

CLUBE DO QUEIJO


O queijo, como alimento, acompanha a existência do ser humano ha mais de 10.000 anos e o queijo Minas artesanal acompanha a historia da cultura da sociedade brasileira ha mais de 200 anos. Isso o confere uma posição muito importante nos saberes da nossa cultura.
Com a grande industrialização do ultimo século, o produto artesanal sofreu um grande assédio e está em grave risco de extinção. No dia 15 de Maio de 2008, o IPHAN, através do Ministério da Cultura, reconheceu o queijo minas artesanal e a sua maneira artesanal de elaboração, como patrimônio histórico imaterial do Brasil. O primeiro passo para resgatar e normalizar, proteger e difundir a nossa cultura já foi dado.
O Clube do queijo pretende incentivar aos produtores que praticam a sustentabilidade em suas fazendas com a produção artesanal, levando a conhecer as características deste maravilhoso produto gastronômico ao consumidor final. Fomentar a aproximação entre o produtor e o consumidor e estimular a produção de alimentos bons, limpos e justos.
No clube do queijo acreditamos que pagando um preço justo ao produtor melhoramos a condição de vida e a de sua família, visando um futuro prospero, saudável e com condições de escolarizar e educar os seus filhos, os futuros produtores de queijo. Possibilitando assim que eles possam ir a faculdade, viajar, conhecer e voltar a fazenda, sem necessitar migrar para a cidade. Incentivando a retomada das tradições históricas de alimentos genuinamente brasileiros e protegendo parte da cultura brasileira.
No clube do queijo acreditamos que o queijo minas artesanal além de um produto saudável, saboroso e com diversas aplicações gastronômicas não deve ser tratado somente como um produto, ele é parte da nossa cultura e história, e que deve ser cuidado com muito carinho e preservada como parte de todos nós, deve ser levado a serio como conhecimento e sabedoria nacional, independentemente de cor, religião, sexo ou local de nascimento. Ele é Brasileiro.

O clube do queijo funciona assim;

• Por R$35,00 ao mês (permanência mínima de 6 meses), o associado receberá em casa um queijo minas artesanal diferente cada mês. Valido somente para São Paulo e a quantidade de queijo pode variar de 1 a 3 peças por mês, dependendo da vontade do associado, multiplicando ou triplicando o valor a pagar mensalmente.
• Juntamente com o queijo, o associado receberá um folder explicativo com a historia do queijo recebido, aplicações gastronômicas e novidades sobre o queijo artesanal e do clube.
• Descontos para viagens eco gastronômicas.
• Convite para degustações e oficinas do gosto.

INFORMAÇÕES:
http://www.clubedoqueijo.com.br/ (site em construção)
bruno@clubedoqueijo.com.br
fernando@clubedoqueijo.com.br
(011) 99559091

sábado, 26 de junho de 2010

MUDANÇA DO DIA DA DEGUSTAÇÃO DO QUEIJO MINAS ARTESANAL

Em virtude do feriado em São Paulo do dia 9 de Julho, decidimos agendar uma nova data para a degustação de queijos minas artesanal, passaremos a degustação para o dia 6 de Julho, próxima terça feira.
A entrada da degustação é livre, todos podem vir e degustar. Os queijos degustados estarão em venda pelo preço de 37 reais cada peça de aproximadamente um quilo. Harmonizado com vinho e fogazza.
Na degustação também apresentaremos o clube do queijo Minas artesanal, onde cada associado receberá em casa uma peça de queijo ao mês e poderá participar de evento relacionado ao queijo minas artesanal.
Então, confirmando que a degustação será realizada no excelente Restaurante Matterello propriedade do agradável casal Vitor Lotufo e Marta Genta, na Rua Fidalga, 120 – na Vila Madalena, São Paulo. No dia 6 de Julho, Terça Feira às 20h15min, com pontualidade mineira, podendo ser de 20h00minh até as 20h30minh.
Agradeço a compreensão de todos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

DEGUSTAÇÃO DE QUEIJO MINAS ARTESANAL EM SÃO PAULO





Depois de vinte dias viajando por Minas Gerais, conhecendo fazendas produtora de queijos minas artesanal, conversando com órgãos do governo responsáveis pela divulgação e melhoria do queijo artesanal e tendo a oportunidade de participar como jurado do concurso do queijo artesanal da micro região de Araxá, decidi juntamente com o meu amigo Fernando http://www.himalaia.com.br/2010/index.asp realizar uma degustação de queijos artesanais das melhores fazendas de 3 das 6 micro regiões produtoras de queijo artesanal em Minas Gerais. Com a idéia de promover e divulgar o queijo Minas artesanal em São Paulo, informando e fazendo um enlace entre o consumidor final e o produtor rural.


Conscientes de que a cidade de São Paulo é um mercado formador de opinião de caráter nacional e o maior mercado consumidor do país, pretendemos com esta iniciativa incentivar a produção artesanal, levando a conhecer as características deste maravilhoso produto gastronômico ao consumidor final e fazer um trabalho de conscientização de que pagando um preço justo por este produto ao produtor e revendendo a um preço acessível, melhoramos assim a qualidade de vida do produtor rural e consequentemente, melhoramos também a qualidade do produto artesanal que levamos a nossa mesa e paralelamente, sem nenhum esforço, promovemos a uma determinada cultura local, aumentando a venda deste produto tão mineiro e sem duvida já de todos os brasileiros.


A degustação será realizada no dia 8 de Julho, quinta feira, dia sem jogos da copa do mundo, as 20h30min da noite, no maravilhoso restaurante Matterello que fica na Rua Fidalga, 120 – Vila Madalena, São Paulo.
Contamos com a presença de todos e esperamos poder atender aos mais finos paladares e esclarecer as mais diversas duvidas sobre o queijo Minas artesanal. A degustação será harmonizada com vinho e pão oferecidos pelo restaurante Matterello, que possui uma bela adega de vinhos e uma extraordinária cozinha e forno de pão.

Viva a cultura e o território gastronômico brasileira

domingo, 13 de junho de 2010

FESTIVAL INTERNACIONAL DE CULTURA E GASTRONOMIA DE ARAXÁ


Do dia 17 ao 20 de Junho em Araxá –MG vai acontecer o 4º festival internacional de cultura e gastronomia de Araxá, com presença de chefs de cozinha de SP, MG e DF com workshops e oficinas gastronômicas.
Além dos workshops e oficinas gastronômicas, contaremos com musica ao vivo, literatura, debates, oportunidade de contatos com grandes chefs do Brasil e no dia 18 o concurso do queijo minas artesanal da micro região do Araxá. O vencedor de este concurso vai a caminho do concurso estadual. O ano passado o ganhador do concurso estadual como melhor queijo minas artesanal foi produzido em Araxá pelo senhor Alexandre Honorato, da Fazenda Só Nata. Tive o prazer de conhecer a Fazenda Só Nata e o senhor Alexandre, realmente tem um queijo de alta qualidade e instalações que seguem rígidos padrões de higiene e elaboração.




Para mais informações sobre o concurso do queijo em http://www.festivaldearaxa.com.br/portal2010/index.php

Tem coisa melhor que o queijo mineiro sô?!

terça-feira, 4 de maio de 2010

QUEIJO MANCHEGO D.O.P



"Sírvanse vuesas mercedes de ordeñar las ovejas manchegas a la antigua usanza y agréguesele flor de cardo manteniendo el condimento a una temperatura de 30 grados para obtener la cuajada. Sáquese del lebrillo con un cuenco o bacía y deposítese en los moldes de pleita, apretando para que escurra. Vuélvase a echar en su cuna y hágase preso de nuevo con toda fuerza posible hasta dejarlos cargados con pesos durante seis horas, al cabo de las cuales se depositarán en el dornajo con salmuera, ahogándolos durante dos días. Cumplido este tiempo llévense al secadero, donde se mantendrán en asueto durante 60 días y el aseo que es menester para las cosas del estómago. Al cabo de los cuales se retirarán de los vasares para el buen yantar en la mesa de canónigos y príncipes".

Miguel de Cervantes (Don Quijote de la Mancha)

Já sabia Dom Quixote dos prazeres produzidos pela simples degustação do queijo Manchego.
Depois de muito tempo sem escrever (por diversos motivos), volto hoje para escrever sobre o queijo mais emblemático e importante da Espanha, o queijo Manchego. O queijo Manchego, como diz o seu nome vem de Castilla-La Mancha no coração da Espanha e é exclusivamente feito a partir de leite de ovelha Manchega, uma raça autóctone da região.
Embora a denominação de origem protegida reconhecida pela comunidade européia foi feita só no ano de 1996 este queijo conta com uma historia de mais de 2000 anos, consumido por Mouros e Cristiano.
Denomina-se queijo Manchego ao elaborado na comarca natural de La Mancha e a partir de leite de ovelha de raça Manchega, com um período mínimo de maturação de sessenta dias. O queijo Manchego industrial se elabora com leite pasteurizado, este é o tipo de manchego que se pode encontrar no Brasil, e o queijo manchego artesanal é feito com leite cru (sem pasteurizar) procedentes de gados registrados no conselho regulador da denominação de origem. Estas duas versões do mesmo queijo são identificadas por diferentes selos da D.O.P que em cada queijo produzido é colocado, todos os queijos Manchegos com D.O.P são obrigado a ter este selo que comprova a sua origem e método de produção, não aceite queijo Manchego sem o selo da D.O.P.


Degustativamente também são facilmente identificados, um queijo artesanal é muito mais saudável e com muita história detrás de este pedaçinho que levamos a boca, é mais saboroso e algumas vezes mais irregular que o industrial, já que a qualidade do leite varia muito de uma estação do ano à outra. São normalmente mais fortes de paladar e aroma e já os industriais (feitos principalmente para exportação) não aportam muita coisa, o queijo industrial é muito regular, sempre igual, como quase todos os produtos industriais, com leves variações, tanto de gosto como de aspecto visual. Mais suaves de gosto e aroma, um queijo sem historia.
O queijo Manchego é um produto de um clima duro e extremo, que favorece o crescimento de uma vegetação rústica, alimento de uma curiosa e ancestral raça de ovelha (manchega) que são submetidas a um controle morfológico e sanitário rigoroso. Estas características oferecem como resultado um queijo no mundo, representa o sabor de uma região única. Consta que tentaram imitar este queijo em diversos lugares do mundo e da Espanha e foi impossível fazê-lo, já que estes fatores territoriais e naturais são inigualáveis. Por isso sempre digo que o queijo “tipo” brie (e outros tipos como parmesão, camembert, pecorino, gorgonzola, roquefort…) não existe, só existe o queijo Brie verdadeiro da França, não aceitem imitações e exijam que os queijeiros brasileiros façam algo nacional, territorial, com identidade de algum lugar do nosso enorme país, mesmo que a elaboração seja parecida ou igual a algum queijo de fora, mas que seja o resultado de um território e não tentar vender gato por lebre. Eu me sinto enganado comprando um queijo “tipo” qualquer coisa… é como tomar café tipo brasileiro plantado na Espanha, por exemplo... Não dá!
O primeiro dado conhecido do queijo é que a sua fabricação e consumo são de muitos séculos antes de Jesus Cristo. Desconhecem-se os métodos de elaboração de este queijo utilizado nesta época, porem pode supor o sabor era similar ao atual. Os métodos de elaboração, arcaicos, com toda a segurança tinham mais que um ponto em comum com os atuais.
Restos arqueológicos demonstram que já na idade do bronze se elaborava, na região que hoje se conhece com La Mancha, um queijo de ovelha cuja matéria prima procedia de uma raça que poderia considerar-se antecessora da atual ovelha Manchega. Esta raça sobreviveu ao passo dos séculos enraizado na terra que hojê deu o seu nome.
La Mancha foi batizada pelos Árabes como Al Mansha, ou “terra sem água”, nome que descreve com perfeição a dureza climática desta Comarca Espanhola. O clima seco e extremo fez dela um lugar único no mundo, com uma vegetação capaz de suportar o tórrido calor dos meses estivais e as devastadoras geladas do período invernal.
Neste entorno, aparentemente hostil a todo tipo de vida vegetal ou animal, se desenvolveram numerosas espécies vegetais gramíneas e leguminosas principalmente que formam a base da alimentação da ovelha manchega, adaptada a perfeição neste ecossistema desde tempos remotos.
O âmbito de competência do CRDOQM (conselho regulador de denominação de origem do queijo manchego) abrange, no territorial, uma zona de 34.280 Km2 e abarca a totalidade do leite produzido e elaboração de queijo, em qualquer da suas fases. Inclui 399 municípios dos quais 46 correspondem à província de Albacete, 78 a de Ciudad Real, 153 os de Cuenca e 122 os de Toledo.
A elaboração do queijo Manchego tem um processo minuciosamente controlado, em todos os estágios, que são eles;

• Ordenho e refrigeração

• Coagulação e corte da coalhada

• Dessoramento e moldado

• Identificação

• Prensado e volteado

• Salgado, secado e maturação




O ordenho das ovelhas pode ser de forma manual ou mecânica, com um coado prévio, deposita-se em tanques de refrigeração para baixar a temperatura até 4ºC.
O leite se deposita em recipientes para o corte, utilizando coalho animal. Para este processo o leite se esquenta à 30ºC e se mantêm a esta temperatura durante 45 minutos. A coalhada obtida é cortada até conseguir grãos pequenos parecidos aos de arroz.
Agita-se a coalhada e paulatinamente se esquenta a massa até os 37ºC com o objetivo de facilitar a eliminação da parte liquida, o soro.
A coalhada obtida é introduzida em moldes cilíndricos e durante este processo é colocado a placa numerada com o serie e lote que identifica cada peça de queijo individualmente.
Uma vez a coalhada nos moldes, começa o prensado dela para facilitar a eliminação do soro do interior da massa.
Depois de um período em prensa, extraem a coalhada do molde, já com forma de queijo cilíndrico, e dando a volta na peça voltam a dar outro período de prensado.
O seguinte processo é o salgado, imerso em salmoura. Utiliza-se Cloruro Sódico e a duração oscila entre 24 e 48 horas.

As peças de queijo permanecem em lugares com uma umidade adequada para eliminar o excesso de água e logo entram em câmara de maturação com temperaturas e umidade controladas para facilitar a correta maturação do queijo.
São produzidos queijos Manchego de 1 e 3kg e também em pedaços cortados e embalados ao vácuo, mas todos identificados com o selo de D.O.P. Exija autenticidade!
Existem muitas aplicações gastronômicas de este queijo, mas, não estou aqui para falar de receitas. Abaixo passo sites relacionados com este queijo que poderão encontrar receitas e historias e mais informação sobre este queijo.

http://dehesadelosllanos.com/

http://pagina.jccm.es/agricul/paginas/comercial-industrial/consejosreguladores/manchego.htm

http://www.quesomanchego.es/

http://www.manchegobio.com/




Na Península Ibérica existem inúmeros queijos de leite de Ovelha (quase todos autóctones) e poucos são tão interessantes gastronomicamente, saborosos e historicamente tão importantes como Manchego. É verdadeiramente uma delicia um queijo obrigatório para os amantes do queijo de verdade. Fazer uma visita a Espanha e não comer um bom queijo Manchego é como ir a Barcelona e não ver a Sagrada Família. Obrigatório!
Em São Paulo existe uma importadora que ja esta começando a trazer esta delicia e feito artesanalmente, ou seja, leite cru. Para mais informações sobre como comprar este queijo em http://www.topdeli.com.br/

¡Buen Provecho!